sábado, 11 de julho de 2015

Xamego e Tabajara. Dois artistas e um só chiste: No me lo digas, Reis!

Obaaaaaaaa!... Estamos de volta nesse vai e vem de espetáculos, festivais e semanaxuá, cada qual melhor que outro... É ou não é seu José?... E prá não perder o jeito, sempre mantendo clima festivo, temos mais e mais novidades, focas e focos nesse picadeiro de todos os mundos!... Sinais soando, plateia sentando e o solo da sanfona mais animada de todas as eras intergalácticas irrrrrrrrrrrompendo sob a lona... Vai lá, Rei do baião!, que outro Rei vai entrar... O Rei da alegria... o nuossso encantador de plateias.... Xaaaameeeegoooo...

E xaxando, xamegando, alegrando sem parar, o nosso palhaço danado nem precisa chamar as atrações porque eles (sic) já estão debaixo da lona... Com você...


PRIMEIRA PARTE-PRIMEIRO NÚMERO 

“A foca e o foca”  


O homem- foca: “Xamego deve estar me olhando e sorrindo”
Não!... Não é um problema de artigo, nem se trata de um casal... É uma dupla de grandes circenses que disputa, elegantes no traje e no gesto, a atenção deste animado público. Sim, pelo que se vê, é uma espécie de duelo. Encontro de Titãs... Ninguém vence, pois, ambos querem a perfeição. E conseguem.  

A foca, sabe-se, não hesita ao equilibrar, no fino focinho, cada colorida e iluminada bola que a plateia atira. De perto, de longe, de baixo, de sopetão... enfim... Diante do desafio, daí imediatamente, e com uma quase invisível espada na boca... o foca, Tabajara, faz melhor... equilibra as bolas atiradas, uma... cinco... três mil... que sejam... mas, por muito mais tempo. Brinca com cada uma, salta, pula e a bola lá. Firme. Pode acreditar?... 

E vai assim... Um superando o outro, o outro fazendo mais que o um e todas as expectativas aumentando. Imagina algo parecido?... Homem e foca, lado a lado, demonstrando habilidade, destreza e respeito mútuo no competir... Inacreditável se não acontecesse aqui, neste picadeiro fantástico. 

O que se presencia nesse agora, é uma parte, especial percebe-se, da maravilhosa trajetória do renomado artista, Tabajara Pimenta, que além da originalidade no picadeiro, fora dele adora imitar o nosso Xamego e suas, para ele, “impagáveis” entradas... 

Acostumado a surpreender como homem-foca, ele próprio confessa o susto que levou com o palhaço Xamego. “Puxa, fiquei surpreso quando soube que era a filha do João, aquele excêntrico que levava o público à loucura, quando dizia “no me lo digas, Reis!.” E Tabajara faz trejeitos e caretas. Uma pândega!

Então, repare nos dois amigos xamegando lá em cima e aplauda com gosto e vontade, esta “pérola” de ser humano que tem Pimenta no nome e esquenta corações.


SEGUNDA PARTE 

Continuando nos temas do mágico e do virtuosismo vamos engatar a nossa próxima atração que traz uma outra Titã, ops!, a Tita que é conhecida como senhorita-magrinha-violino, mas que arrasa mesmo é no... 

“O BANDOLIM DA TITÃ, OPS! DA TITA” 

 

A jovem-violino mostra  avião, mas  sonha bandolim.

Cenário: Quintal da fazenda de cafés.  Tempo das floradas. Paisagem invadida pelo gelado amanhecer. Cadeira bem posicionada para a máquina fotográfica. Aos fundos, a escadinha improvisada de uma convidativa casinha de árvore.  

Protagonista: A Titã, ops!, Tita. Vó-Não da Birota.

Voz: Operador da máquina ou fotógrafo.

1º Ato – Efigênia adolescente magrinha e levada da breca não consegue dormir e aproveita a manhã pra resolver a foto no quintal. Serelepe, corre, joga pedrinhas pelo mato e ameaça subir na casinha da árvore. Operador: “Menina, seu pai vai ficar bravo... Não tem uma roupa melhor?”. Ela prá ela mesma: “Quem se importa?... Pelo menos me livrei do violino”. Olha o vermelho calo do dedo esquerdo.

2º Ato - Parece quieta. Mas, só por instantes... Não dá tempo de se focar a cena. Operador pra ele mesmo: “Meu Deus, ela não trouxe o violino...” A voz não disfarça o nervoso e ordena que a magricela vá buscar o instrumento. Efigênia passa a mão no pescoço, também vermelho por segurar o instrumento, e simplesmente enfrenta os degraus, grudados na árvore. Desaparece. Ele quer “morrer” e pensa alto:  “Eta  menina!,  magra como vareta de violino e chata como  rabecão desafinado”.

3º Ato – Ela aparece com um bandolim. Sorridente, alegre. Adora aquele som... O foco da máquina é perfeito. Mas, como?... A voz: “Não, não... Tem que ser com violino... Seu pai se orgulha do incomparável “Stradivarius”...” A garoa fina esfria ainda mais o ambiente. Efigênia gosta dessa melancolia quase inspiração. Pensa no chorinho do Jacob... Quer aprender aquela do pé caminhando: “André de Sapato Novo”... Que ideia!... Olha pro sisudo operador. Sai em disparada...

4º Ato – Ninguém em cena. Só o som cadenciado, malemolente, divertido até, de um... bandolim. A voz do operador demonstra desespero: “Agora se meteu na casinha e vou fazer o que?”... O treino continua, mas não é de amador... As notas se encaixam, se completam, envolvem o cenário... O operador está silencioso... O som toma conta do ambiente. Grandioso. De mestre. Só para quando a bela execução termina.

5º Ato – Silêncio quase total. Aqui e ali, barulho de máquina fotográfica em preparação... Efigênia desce lentamente cada degrau.  Foca a máquina fotográfica posicionada que não se vê. Senta na cadeira e mostra no colo os três... violino,  avião  e  bandolim. A voz: “Agora sim!... Se livra dos dois e ergue o violino”... Matreira, a danadinha concorda, levanta da cadeira...  capricha no olhar “gatinho”... E FLASH!... Essa Titã, ops!, Tita não gosta de fotos.
Birota ouve até hoje o bandolim da Titã, ops! da Vó Tita.
Ai que xodó... que  xamego... que chorinho bom...
Fim do espetáculo... mas não do carinho entre VóNão e NetaSim!