sábado, 16 de maio de 2015

Outro alvoroço nas barreiras... 
De novo?... Tem um pessoal querendo entrar e os barreiras precisam impedir. Cadeiras fora das fileiras. Serragem querendo subir... A plateia rindo muito e ainda nem soou o terceiro sinal.  Mais uma vez a pressa do mundo virtual.
 
E como no nosso picadeiro todo mundo é de circo, as caixas já tocam o Xamego e a turma começa a xaxar, a xamegar que é disso que todo mundo gosta. E, o nosso querido palhaço, acostumado aos imprevistos, comanda a turma, põe as coisas no lugar e anuncia...

PRIMEIRA PARTE – PRIMEIRO NÚMERO 

“Dois manos e o Mapa das minas”

 

Seu nome: Angola!... Sem a cartolinha.


Gente! Começou muito bem o espetáculo!... Olha que grupo elegante e simpático. Todos muito bem vestidos, principalmente o Mapa, que capricha nas luvas, tal qual o Xamego vez e outra. E ele obriga que se note seu nome, escrito no peito estufado. Letras garrafais. AN-GO-LA... 
Que orgulho!... Que incrível este número... O que a gente sabe de Angola?... 
 
“Vai saber agora”, mentaliza o Mapa que tira a cartolinha e já dá dois flip-flaps e dois saltos  mortais... Corações disparam... Do  circo e de todo o mundo virtual. O Mapa voa no picadeiro. Cai em pé, impecável, garboso, bem no centro.  

Os doutos, Raymundo e Roberto, sabem tudo sobre a África.
Olha só!...  Perfila-se, junto aos Manos Raymundo, o embaixador e Roberto, o professor. Pai e Filho. Pose de autodidatas.  A plateia lê as mentes doutas e sábias. Os corações estão ligados.  Os Manos também saltam!... Seus mortais levam o trio até a  ponta da lona... Laaaaá no alto! Sim, é o que você vê!... 

Ao mesmo tempo, suas mentes em conjunto, mostram ao público conectado, cada estado do país angolano. Suas semelhanças e especificidades em relação a toda a África... Sim, é o que você sente!... 

Plateia e artistas, percebem, sentem e alguns da plateia se indagam... O que se sabe da África?...  “Vai saber agora”, é a resposta, em coro, do Supertrio... É um número mágico, maravilhoso, no qual, pela primeira vez, aprende-se na hora. 

Tudo sobre a fauna exuberante, tudo sobre a flora plena de segredos de cura e ensinamentos do bem-viver e, especialmente, através do Mapa, se vê o caminho do tesouro:  você vai saber agora, tudo sobre aquelas minas e as outras Minas, valorosas, preciosas, verdadeiras jóias, pois a mulher africana é forte e inquebrável como o diamante.

São nossos descendentes que, quando a gente precisa, sempre estão... Está-tua!... Não é demais?... Ainda é pouco?... Abra o coração, a mente! E aplauda... É o maior espetáculo da terra! Conecte-se! 

Xamego, extasiado, não se contém. É o máximo saber dos nossos Manos e Minas. Pura alegria... Ele aplaude, gargalha, abraça e beija os três!... Tá certo que no caso do Mapa, sentiu um pouco de cosquinha... E sem mais delongas... vem aí a...


SEGUNDA PARTE

 

E aproveitando momentos diferentes e únicos, como esses, vamos rapidamente partir para a nossa não menos diferente e única próxima atração...

  

“VARINHA E BOTUCUDA, AS MANAS” 


Eliza e Efigênia, quem é qual?


Cenário. Casarão de fazenda de café. Destaque para as enormes portas e janelas da sala principal. Ao fundo, enfileiradas, maravilhosas plantações de café. Na mesa de refeições, apetitosos pratos, doces, salgados e toalha e guardanapos impecavelmente engomados. Protagonistas, duas irmãs. Participação especial: a mãe.

1º Ato – Minhas duas meninas, que trocam olhares, mal sabem dos seus apelidos. São segredo de mãe, quem esfria quando as filhas se olham. Traquinagem na certa. A magrinha está sempre  adoentada. A menor, depois das doenças infantis, é forte como um touro.
Daí outra das diferenças: uma é baixinha, gulosa e não consegue correr. A outra, mais velha, um palito, veloz como o vento. Rivais, disputam tudo, desde roupas até atenção. Unidas, são invencíveis. Cuidado, estão tramando!

2º Ato – Maiores, adoram animais. Mas, juntas, planejam sempre o pior. Cadê o gatinho que foi vestido como príncipe de  conto de fadas?... Olhares inocentes... O bichinho mal se mexia, as manas acharam que tinha frio... Aqueceram o Filó, no forno, com o bolo de fubá... “Eu vou pegar a varinha - a mãe disfarça, mas ri -  de marmelo...”  Escondem-se no meio do pé de café.

3º Ato – Adolescentes, saltam, dão envergadas, dançam e cantam pra quem quiser ver. Quem sabe, Irmãs Alves, percorrendo os teatros do sul do Brasil. “Tá frio e tá tarde, cantorinhas!... Hoje é seu aniversário, o presente está na mesa...” A mãe tem medo da friagem, “ela é fraca...”  “Fraquinha, magrinha, bonitinha... prá mim não tem presente, só doce de batata...” A baixinha só  se acalma, quando a irmã ri de suas palhaçadas... Palhaço! Que boa ideia!

4º Ato – Quase maduras sonham na mesa de jantar.  Dois irmãos. Bonitos e músicos. Acompanham, e bem!, o bandolim. Os olhos verdes arrasam corações. “Ele vai gostar da cômica”, rivaliza com a irmã, que nem pode sonhar com filhos.  “Mas,  vai ser príncipe da ingênua”,  esquenta o tom da conversa  e do acorde do instrumento... Dedo enrolado em dedo...  Estamos de mal.

5º Ato – Papo de velhas irmãs: aqueles tempos...  De volta à mesma sala. Os mesmos lugares à mesa. Tudo igualzinho, até a mãe Brígida adivinhando  as maluquices. No fundo, o cafezal. Trocam olhares e lá vem bomba. “Será que mamãe percebeu que eu sabia do apelido?...”  “Claro,  quem foi a nossa mestra?... 

E eu  era  Botucuda?... Tinha  inveja de você.”  “Ora,  é como uma dupla de palhaço... Melhor que Xamego e Reis!”...  Os olhos  de Maria Eliza fuzilam.  Efigênia fustiga: “Tá bom, NAAADA  é melhor que Xamego e Reis...” E provoca :  “Só, Xamego e Efigênia, lembra?”

Aplausos pra saudade... Quem não sabe o que é   Xamego... pede prá Vovó... 


O espetáculo acaba. Sentimentos, jamais.