sábado, 30 de maio de 2015

Maria Eliza, na barraca e no picadeiro

Meeeeeu Deeeeeus!  O que é  a-que-le  de-seeee-nho do post anterior?... Maravilha!...  A dupla do século, Xamego e Birota  “xamegam” como nenhuma outra. E aqueles traços sensíveis, ressaltam olhares carinhosos e comunicativos, que anunciam atuações, na certa, repletas de alegria e emoção.

Que é, aliás, o que não falta nesse nosso momento virtual, onde os três sinais são ouvidos, mesmo que não soem e a felicidade se instala, mesmo que não seja instantânea.  Sem contar o frenético xamegar...  Ah, o xaxado... Por isso, com tudo em cima, vamos apresentando nossa...

PRIMEIRA PARTE – PRIMEIRO NÚMERO  

"As duas vozes da mesma moeda."  

 

Gire a moeda e ouça as vozes! 

As duas estão juntas... e  “É”  a  primeira vez... De mãos dadas?... A plateia, loooo-taaa-daaa tem que se preparar...Não vai ser fácil!... Não é só suspense: a cena, mesmo parada, causa espanto e desconfiança... São duas vozes ao mesmo tempo, diferente, portanto, de outras atrações já vistas: uma voz de cada vez... 

Daí... surpresa total!... Olhos grudados no picadeiro-blog, então, para não perder um só tiquinho assim, de movimento. O menor que for...  já era!

Deeeeee  rrrrrrrrepeeente! Não se avisou?... Desce do alto da lona, tal–qual-Rapunzel-Sansã, AQUELA MOEDA... Linda, brilhante, partes douradas?... Parece um real. De grande valor e hiperacrobata.

A moeda gira... gira... gira... E não se está mais no picadeiro. É a barraca do circo, uma barraca específica, já conhecida e de onde se projeta uma das vozes. Macia, gentil, feminina?... É!... E ela conversa com um grupo de moças. Sem dúvidas...  está ouvindo?... Nas cadeiras, as do gargarejo, uma parte da plateia se retorce, troca olhares... 

Conhece essa voz?... Perdeu, neném...
A moeda já está girando de novo... e...está de volta o picadeiro... É o outro lado da moeda.  Outra voz! Agora, rouca... cava... um tanto gentil também, mas... viril!!!... Conheço esta voz!... A outra parte da plateia - fileiras aqui, ali, acolá -, está nitidamente intrigada...  mas, muito feliz... en-can-ta-da.  

Não sabe o que está acontecendo, só que aaaaa-doooo-raaa aquela voz!... É paixão de primeiro espetáculo!...

E o número prossegue... Moeda girando... Vozes se revezando... Rapazes e Garotas esfuziantes com tudo que ouvem. Será que a plateia entendeu?... É possível: o impagável Xamego e as hilariantes pilhérias, entre camaradas...  A divertida Eliza e o “tricô” de receitas, entre amigas...  muitas  apaixonadas entregando bilhetinhos secretos para a emburrada Sansã...

Pois é! Tudo isso e mais um pouco. Um misterioso cara - coroa sem fim... Ora no picadeiro.  Ora na barraca... Basta a moeda girar.  Que divertido! Sensacional!..É mesmo o inédito em matéria de vozes... Mas e a moeda, hein?  Que acrobacias!... Foi amestrada por quem?... 

Taí... Vem cá... pense um pouco: de um lado impagável, de outro divertido, em suma, um mestre, amestrador  e grande artista...  De quem se trata?  É fácil saber... Só tem um, o único...   ele mesmo!!!

Oi, cumpade chegadinho, que Xamego bom...lárárá-rárá...lálálá-lálá.

E muitos aplausos são seguidos por indisfarçáveis suspiros!...
Como sempre xamegando,  xaxando, com pé e mão na cintura, vamos à...
   
SEGUNDA PARTE 

E trocando em miúdos, girando moedas, vamos a nossa peça de agora que também tem dois lados, como acontece tanto no mundo real como neste nosso picadeiro virtual. Com você e para você, inicia-se...  

“PEDAIS, SALTOS E ENVERGADAS”  


Nenhum dos dois fica parado, se a trilha do pedal silencia
Cenários: 
A) Preto e branco, pouca luz: quarto e quintal da casa.
B) Luzes e cores: pré e picadeiro de Circo.
Trilha sonora dos dois cenários: som de pedais de duas   
máquinas de costura.
Protagonistas: “Irmãos Alves”.
Vozes: Mãe e Tia.

1º Ato.  Cenário A: No quarto  
Silêncio e escuro no único dormitório da pequena casa. Aristeu e Daise, camas diferentes, levantam as cabeças ao mesmo tempo.  Trilha sonora, alto e bom som. Agride o ambiente: maravilhosa canção!...  Esticam pernas, ajeitam  travesseiros e,  oba!, voltam a dormir.

2º Ato. Cenário A: No quarto  
Um dos pedais silencia. Cabeças rápidas no ar. Minutos de tensão, imobilidade em cada nuca. Qualquer movimento, pequeno que seja, pode atrapalhar a percepção... A mãe levantou?... Foi a tia?... Ninguém mais costura?...Tremores nas quatro pernas...Os dois  pedais se completam.  Música pesada no ar. Calmaria total. Sonhos profundos.

3º Ato. Cenário B: Pré -picadeiro  
Aristeu: calção, blusa de atleta, tênis usado, cabelos “escovinha”. Corpo forte, sempre ereto. Daise: calção e blusa coloridas, levemente prateados, tênis mais usado ainda. Gestos e cabelos graciosos. Tranças, decerto. Mão preparadas até a ponta dos dedos. Irmãos Alves, atenção!

4º Ato . Cenário A: No quarto  
Silêncio gritante. Ameaça no ar. Nenhum pedal... Nem o da tia!... Tira o pijama!... E os chinelos da mãe?... Um foi colocado!... Corre, corre... Põe o calção!... Este tênis é o MEU!... Prende o cabelo!...  Não vai dar tempo... Na porta: chinelos nos pés, vara de marmelo na mão!... Atenção, ensaio!

5º Ato . Cenário B: Picadeiro  
Cortinas abertas: visão, o picadeiro : “Com vocês, os  Irmãos Alves”... Pedais martelando nas cabeças. Flip-flap, flip-flap, flip-flap. TEC-PEC-PEC-TEC... Aplausos... Envergada prá frente, envergada prá trás. PEC-TEC- TEC-PEC... Aplausos... Flip-flap, flip-flap, salto mortal. Ovação... PEC-TEC-PEC-TEC... Suspense prá pegar o lenço no chão, sem mãos. Vitória!... Rondadas gerais... Aplausos do atento Xamego.

Cenário A: Quintal  
Sem trilha. Com varinha de marmelo. Irmãos perfilados,  tapete improvisado. Concentração. Exigências: pés retos, respiração adequada. Movimentos calculados. Mãos junto ao corpo. Sem erros. Perfeito. “São ou não são os grandes Irmãos Alves?”, incentiva a carinhosa mão, sem marmelo.” Podem voltar prá cama.” 
 
Um : “Quem quer dormir?”... Outra: “Nem quero esse nome”...
Outro: “Nós somos os irmãos Reis”... Tec-Tec-Tec... Pec-   Pec-Pec... Trilha de volta, bombando... Tia: “Irmãos Reis... é  justo!”... Pec-Pec-Pec-Pec... Mãe: “Eles tem é que estudar!...” Pec-Tec...Tec-PEC...    


Pec-Tec  é som de máquina de costura?  Pode ser, mais parece o de máquina de escrever...

Fim do espetáculo!