sábado, 4 de abril de 2015

Respeitável amigo e amiga, é bom, muito bom, ótimo até, estar com você. E quem chegou agora, seja muito bem-vindo, junte-se ao grupo, cada vez maior, porque já foi dado o Primeiro Sinal – não prestou atenção? -  e o espetáculo, o maior espetáculo neste picadeiro – blog  já vai começar... 

As bilheterias estão agitadas na entrada do circo e o Segundo Sinal – ouviu agora? - alerta que é bom se apressar. Até porque marmelada é de marmelo e goiabada é de goiaba. 

E hoje tem as duas frutas, saborosas e presentes em todos os nossos espetáculos. 

Pessoal! O relógio corre e o tempo urge. Agora é o Terceiro Sinal, mas não se preocupe que neste picadeiro as horas param e é sempre agora. 

Já começou a música do Xamego e o palhaço invade nosso espaço virtual... Ninguém sabe se ele é branco, se é mulato ou negro... Cante e bata palmas para o grande, o maior, XAAAAAAmego...

Primeira Parte, Primeiro número

 

Maria Eliza, quando o Xamego começou

Ele está inspirado hoje. Ele gosta desta palavra ESTÁ... Mexe, remexe, revira e grita ESTÁ – tua... E você o vê na homenagem destacada nos minutos finais do Documentário Circo Paraki... 

Dança de novo, requebra e acena com a cartola, e pede sua ajuda: ESTÁ – tua. 

E você o vê no livro da Dirce Tangará Militello, Terceiro Sinal, lembra?... Segue a música-tema, continuam as palmas. Sempre o agora... Ele sapateia e repete ESTÁ – tua. 

E você o vê no quadro do Centro da Memória do Circo, no debate do Primeiro Festival Internacional da Mulher Palhaça... É quando tudo começa. Daí em diante Xamego sempre ESTÁ – tua...


Segundo Número


E agora, outra graaaaaaande atração ocupa nosso picadeiro-virtual... Vamos apresentar um número incrível, inédito, mais que diferente. Com você... palmas, muitas palmas...

“Os Óculos do baterista”

Leonardo vê longe...

O baterista senta no banquinho e você não consegue desviar os olhos dos seus óculos. Não que eles sejam tão grandes, sei lá, é a cor?... São os holofotes?... Bem uma coisa é certa: já dá prá perceber que se trata de um número de malabares. 

Mas, gente! o músico tira sons incríveis é verdade, só que, note as baquetas. Elas giram, batem, pulam  de um jeito que você mal vê as mãos do músico. E os pés então?... Os pés mudam de pedais, em segundos. 

Quando você acha que eles estão aqui, eles estão lá, daí você mira e, céus! o que está acontecendo aqui?.. Tem uma fumaça no ar?... 

E o músico faz tudo isso sorrindo  para o Xamego. De repente, ele tira os óculos!...  E você vê um homem simpático, sorridente e muito prosa, chamando a mulher e brincando com ela. O que ela está dizendo?... Ela diz: “no me lo digas, Reis...” 

O músico põe os óculos, continua o maravilhoso som e você vê o Xamego e seu parceiro Reis. 

É a dupla: Xamego e Reis... Legal! Bateria saindo faísca, o virtuose tira os óculos. Escute o senhor Eurico chamando: “Eliza!, você não pára... Vem aqui prá sala que o Leonardo está aqui...” E o Leonardo – QUE ERA FÃ DE XAMEGO NO CIRCO GUARANI-- sorri largo e ri alto... Põe os óculos e volta pra bateria... 

Xamego e Reis à paisana...
Que som!... Que número!...  Este óculos são o máximo! Este baterista é o maior! Este Leonardo vê longe... Aplausos calorosos, por favor...


Segunda Parte  

 

Ah! Quanta novidade não é? O agora de hoje só traz alegria. E para a nossa Segunda Parte, reservamos mais surpresas e divertimento. Trata-se de, digamos assim, uma mistura de mitologia e conto de fadas. Com você a nossa peça de hooooje...

 

Rapunzel Sansã

 

No centro, Daise Sansã

 

Cenário: antes da entrada de um integrante da dupla Irmãos Alves em direção ao picadeiro-blog. Atrás das cortinas. No camarim.  A dupla é conhecida por acrobacias, envergadas, flip-flaps e saltos mortais. Este é o número solo da menina, cinco anos, cara emburrada.

1o Ato: Os cabelos pixaim vigorosos não alcançam o meio das costas, tal qual a Rapunzel do conto de fadas, mas vá lá, estão compridos e, claro, bem armados. A garota cabeluda está zangada. É pequena demais para imaginar um eventual príncipe. Assim, a mãe carinhosa incentiva a artista-mirim: “Vai dar tudo certo, querida”.

2o Ato: Menina Sansã preparada. Coque no alto da cabeça, preso com  argola para a corda de aço. É a força de cabelos. Algumas lágrimas correm pela dor no cocuruto. As cortinas abrem e o Xamego tenta pegar a mão da Sansã. Ela esconde as duas. “Ele é um chato!”, pensa olhando o chão.

3o Ato: No alto, até fica um pouco divertido. Os olhos brilham e a Rapunzel Sansã se mostra vaidosa qual princesa. Olha prá baixo e vê os aplausos. Coque afrouxado, as dores somem. “Meus cabelos arrebentaram?...” Apaga o sorriso.

4o Ato: Corpo solto, vento no rosto, escuta a valsa e sente o Xamego firme lá embaixo, protegendo a corda. A cada movimento uma volta no ar. 1. Pose de anjo, joelhos dobrados e mãos em prece. 2. Pose sereia, tronco ereto, pernas juntas e esticadas para a direita e para a esquerda. 3. Braços junto ao corpo e o corpo girando sobre si mesmo. “Podem me olhar. Eu não vou cair...”

5o Ato: Silêncio nas caixas. Braços e pernas em vôo, a corda prá baixo. Finalmente Daise dispara do alto da lona até o centro do picadeiro. Aplausos entusiasmados... Cortinas para dentro... Cabelos livres esperando o carinho da mãe: “Vem me abraçar, menina forçuda”. Não é a voz da mãe Eliza. É o rouco  Xamego. “Não gosto dele”.
Muitas palmas para a sinceridade.

Ai, que Xamego bom, ai que Xamego bom...

Fim do espetáculo.