De novo?... Tem um pessoal
querendo entrar e os barreiras precisam impedir. Cadeiras fora das fileiras.
Serragem querendo subir... A plateia rindo muito e ainda nem soou o terceiro
sinal. Mais uma vez a pressa do mundo
virtual.
E como no nosso picadeiro todo mundo é de circo, as caixas já
tocam o Xamego e a turma começa a xaxar, a xamegar que é disso que todo mundo
gosta. E, o nosso querido
palhaço, acostumado aos imprevistos, comanda a turma, põe as coisas no lugar e anuncia...
PRIMEIRA PARTE – PRIMEIRO NÚMERO
“Dois manos e o Mapa das minas”
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Seu nome: Angola!... Sem a cartolinha. |
Gente! Começou muito bem o espetáculo!... Olha que grupo
elegante e simpático. Todos muito bem vestidos, principalmente o Mapa, que
capricha nas luvas, tal qual o Xamego vez e outra. E ele obriga que se note seu
nome, escrito no peito estufado. Letras garrafais. AN-GO-LA...
Que orgulho!... Que
incrível este número... O que a gente sabe de Angola?...
“Vai saber agora”, mentaliza o Mapa que tira a cartolinha e
já dá dois flip-flaps e dois saltos
mortais... Corações disparam... Do circo e de todo o mundo virtual. O Mapa voa no
picadeiro. Cai em pé, impecável, garboso, bem no centro.
Olha só!... Perfila-se,
junto aos Manos Raymundo, o embaixador e Roberto, o professor. Pai e Filho. Pose
de autodidatas. A plateia lê as mentes
doutas e sábias. Os corações estão ligados. Os Manos também saltam!... Seus mortais levam
o trio até a ponta da lona... Laaaaá no
alto! Sim, é o que você vê!...
Ao mesmo tempo, suas mentes em conjunto, mostram ao público
conectado, cada estado do país angolano. Suas semelhanças e especificidades em
relação a toda a África... Sim, é o que você sente!...
Plateia e artistas, percebem, sentem e alguns da plateia se
indagam... O que se sabe da África?... “Vai
saber agora”, é a resposta, em coro, do Supertrio... É um número mágico,
maravilhoso, no qual, pela primeira vez, aprende-se na hora.
Tudo sobre a fauna exuberante, tudo sobre a flora plena de segredos de cura e ensinamentos do bem-viver e, especialmente, através do Mapa, se vê o caminho do tesouro: você vai saber agora, tudo sobre aquelas minas e as outras Minas, valorosas, preciosas, verdadeiras jóias, pois a mulher africana é forte e inquebrável como o diamante.
São nossos descendentes que, quando a gente precisa, sempre estão... Está-tua!... Não é demais?... Ainda é pouco?... Abra o coração, a mente! E aplauda... É o maior espetáculo da terra! Conecte-se!
Xamego, extasiado, não se contém. É o máximo saber dos nossos
Manos e Minas. Pura alegria... Ele aplaude, gargalha, abraça e beija os três!...
Tá certo que no caso do Mapa, sentiu um pouco de cosquinha... E sem mais delongas... vem aí a...
SEGUNDA PARTE
E aproveitando momentos diferentes e únicos, como esses, vamos rapidamente partir para a nossa não menos diferente e única próxima atração...
“VARINHA E BOTUCUDA, AS MANAS”

Eliza e Efigênia, quem é qual?

Cenário. Casarão de fazenda de café. Destaque
para as enormes portas e janelas da sala principal. Ao fundo, enfileiradas,
maravilhosas plantações de café. Na mesa de refeições, apetitosos pratos,
doces, salgados e toalha e guardanapos impecavelmente engomados. Protagonistas,
duas irmãs. Participação especial: a mãe.
1º Ato – Minhas duas meninas, que trocam
olhares, mal sabem dos seus apelidos. São segredo de mãe, quem esfria quando as
filhas se olham. Traquinagem na certa. A magrinha está sempre adoentada. A menor, depois das doenças
infantis, é forte como um touro.
Daí outra das diferenças: uma é baixinha, gulosa e não
consegue correr. A outra, mais velha, um palito, veloz como o vento. Rivais, disputam
tudo, desde roupas até atenção. Unidas, são invencíveis. Cuidado, estão
tramando!
2º Ato – Maiores, adoram animais. Mas, juntas, planejam sempre o pior. Cadê o gatinho que foi vestido como príncipe de conto de fadas?... Olhares inocentes... O bichinho mal se mexia, as manas acharam que tinha frio... Aqueceram o Filó, no forno, com o bolo de fubá... “Eu vou pegar a varinha - a mãe disfarça, mas ri - de marmelo...” Escondem-se no meio do pé de café.
3º Ato – Adolescentes, saltam, dão envergadas, dançam e cantam pra quem quiser ver. Quem sabe, Irmãs Alves, percorrendo os teatros do sul do Brasil. “Tá frio e tá tarde, cantorinhas!... Hoje é seu aniversário, o presente está na mesa...” A mãe tem medo da friagem, “ela é fraca...” “Fraquinha, magrinha, bonitinha... prá mim não tem presente, só doce de batata...” A baixinha só se acalma, quando a irmã ri de suas palhaçadas... Palhaço! Que boa ideia!
4º Ato – Quase maduras sonham na mesa de jantar. Dois irmãos. Bonitos e músicos. Acompanham, e bem!, o bandolim. Os olhos verdes arrasam corações. “Ele vai gostar da cômica”, rivaliza com a irmã, que nem pode sonhar com filhos. “Mas, vai ser príncipe da ingênua”, esquenta o tom da conversa e do acorde do instrumento... Dedo enrolado em dedo... Estamos de mal.
5º Ato – Papo de velhas irmãs: aqueles tempos... De volta à mesma sala. Os mesmos lugares à mesa. Tudo igualzinho, até a mãe Brígida adivinhando as maluquices. No fundo, o cafezal. Trocam olhares e lá vem bomba. “Será que mamãe percebeu que eu sabia do apelido?...” “Claro, quem foi a nossa mestra?...
E eu era Botucuda?... Tinha inveja de você.” “Ora, é
como uma dupla de palhaço... Melhor que Xamego e Reis!”... Os olhos de Maria Eliza fuzilam. Efigênia fustiga: “Tá bom, NAAADA é melhor que Xamego e Reis...” E provoca : “Só, Xamego e Efigênia, lembra?”
Aplausos pra saudade... Quem não sabe o que é Xamego... pede prá Vovó...
O espetáculo acaba. Sentimentos,
jamais.