
As bilheterias estão agitadas na entrada do circo e o Segundo
Sinal – ouviu agora? - alerta que é bom se apressar. Até porque marmelada é de
marmelo e goiabada é de goiaba.
E hoje tem as duas frutas, saborosas e presentes em todos os
nossos espetáculos.
Pessoal! O relógio corre e o tempo urge. Agora é o Terceiro
Sinal, mas não se preocupe que neste picadeiro as horas param e é sempre agora.
Já começou a música do Xamego e o palhaço invade nosso espaço virtual... Ninguém sabe se ele é branco, se é mulato ou negro... Cante e bata palmas para o grande, o maior, XAAAAAAmego...
Primeira Parte, Primeiro número
![]() |
Maria Eliza, quando o Xamego começou |
Ele está inspirado hoje. Ele gosta desta palavra ESTÁ... Mexe,
remexe, revira e grita ESTÁ – tua... E você o vê na homenagem destacada nos
minutos finais do Documentário Circo Paraki...
Dança de novo, requebra e acena com a cartola, e pede sua
ajuda: ESTÁ – tua.
E você o vê no livro da Dirce Tangará Militello, Terceiro
Sinal, lembra?... Segue a música-tema, continuam as palmas. Sempre o agora...
Ele sapateia e repete ESTÁ – tua.
E você o vê no quadro do Centro da Memória do Circo, no debate do Primeiro Festival Internacional da Mulher Palhaça... É quando tudo começa. Daí em diante Xamego sempre ESTÁ – tua...
E você o vê no quadro do Centro da Memória do Circo, no debate do Primeiro Festival Internacional da Mulher Palhaça... É quando tudo começa. Daí em diante Xamego sempre ESTÁ – tua...
Segundo Número
E agora, outra graaaaaaande atração ocupa nosso
picadeiro-virtual... Vamos apresentar um número incrível, inédito, mais que
diferente. Com você... palmas, muitas palmas...
“Os Óculos do baterista”
O baterista senta no banquinho e você não consegue desviar os olhos dos seus óculos. Não que eles sejam tão grandes, sei lá, é a cor?... São os holofotes?... Bem uma coisa é certa: já dá prá perceber que se trata de um número de malabares.
![]() |
Leonardo vê longe... |
O baterista senta no banquinho e você não consegue desviar os olhos dos seus óculos. Não que eles sejam tão grandes, sei lá, é a cor?... São os holofotes?... Bem uma coisa é certa: já dá prá perceber que se trata de um número de malabares.
Mas, gente! o músico tira sons incríveis é verdade, só que,
note as baquetas. Elas giram, batem, pulam de um jeito que você mal vê as mãos do músico.
E os pés então?... Os pés mudam de pedais, em segundos.
Quando você acha que eles estão aqui, eles estão lá, daí você
mira e, céus! o que está acontecendo aqui?.. Tem uma fumaça no ar?...
E o músico faz tudo isso sorrindo para o Xamego. De repente, ele tira os óculos!... E você vê um homem simpático, sorridente e muito
prosa, chamando a mulher e brincando com ela. O que ela está dizendo?... Ela
diz: “no me lo digas, Reis...”
O músico põe os óculos, continua o maravilhoso som e você vê o
Xamego e seu parceiro Reis.
É a dupla: Xamego e
Reis... Legal! Bateria saindo faísca, o virtuose tira os óculos. Escute o
senhor Eurico chamando: “Eliza!, você não pára... Vem aqui prá sala que o
Leonardo está aqui...” E o Leonardo – QUE ERA FÃ DE XAMEGO NO CIRCO GUARANI-- sorri
largo e ri alto... Põe os óculos e volta pra bateria...
![]() |
Xamego e Reis à paisana... |
Que som!... Que número!...
Este óculos são o máximo! Este baterista é o maior! Este Leonardo vê
longe... Aplausos calorosos, por favor...
Segunda Parte
Ah! Quanta novidade não é? O agora de hoje só traz alegria. E
para a nossa Segunda Parte, reservamos mais surpresas e divertimento. Trata-se
de, digamos assim, uma mistura de mitologia e conto de fadas. Com você a nossa
peça de hooooje...
Cenário: antes da entrada de um integrante da dupla Irmãos
Alves em direção ao picadeiro-blog. Atrás das cortinas. No camarim. A dupla é conhecida por acrobacias,
envergadas, flip-flaps e saltos mortais. Este é o número solo da menina, cinco
anos, cara emburrada.
1o Ato: Os cabelos pixaim vigorosos não alcançam
o meio das costas, tal qual a Rapunzel do conto de fadas, mas vá lá, estão
compridos e, claro, bem armados. A garota cabeluda está zangada. É pequena demais
para imaginar um eventual príncipe. Assim, a mãe carinhosa incentiva a
artista-mirim: “Vai dar tudo certo, querida”.
2o Ato: Menina Sansã preparada. Coque no
alto da cabeça, preso com argola para a
corda de aço. É a força de cabelos. Algumas lágrimas correm pela dor no cocuruto.
As cortinas abrem e o Xamego tenta pegar a mão da Sansã. Ela esconde as duas. “Ele
é um chato!”, pensa olhando o chão.
3o Ato: No alto, até fica um pouco divertido. Os olhos brilham e a Rapunzel Sansã se mostra vaidosa qual princesa. Olha prá baixo e vê os aplausos. Coque afrouxado, as dores somem. “Meus cabelos arrebentaram?...” Apaga o sorriso.
4o Ato: Corpo solto, vento no rosto, escuta a valsa e sente o Xamego firme lá embaixo, protegendo a corda. A cada movimento uma volta no ar. 1. Pose de anjo, joelhos dobrados e mãos em prece. 2. Pose sereia, tronco ereto, pernas juntas e esticadas para a direita e para a esquerda. 3. Braços junto ao corpo e o corpo girando sobre si mesmo. “Podem me olhar. Eu não vou cair...”
5o Ato: Silêncio nas caixas. Braços e pernas em vôo, a corda prá baixo. Finalmente Daise dispara do alto da lona até o centro do picadeiro. Aplausos entusiasmados... Cortinas para dentro... Cabelos livres esperando o carinho da mãe: “Vem me abraçar, menina forçuda”. Não é a voz da mãe Eliza. É o rouco Xamego. “Não gosto dele”.
Muitas palmas para a sinceridade.
Ai, que Xamego bom, ai que Xamego bom...
Fim do espetáculo.